domingo, 19 de novembro de 2023

Um Raio de Sol

 
Um raio de Sol poisou
Na minh'alma adormecida
E o meu sentir acordou
Num despertar para a vida
 
Esta vida que morria
Ao ficar aprisionada
Onde a angústia corria
Nos labirintos do nada
 
Onde a palavra aguçada
Feria todo o meu ser
Onde até a madrugada
Morria logo ao nascer
 
Mas, a madrugada teimosa
Se prendeu no meu beiral
E abriu como uma rosa
Se abre no roseiral
 
No esplendor amanheceu
Com raios de rubra cor
E minha vida conheceu
A paz que reina no amor
 
Um raio de Sol pairou
No cume da minha saudade
Incandescente brilhou
E a minha alma voou 
Com destino à liberdade. 

 


sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Perdi-me


Perdi-me numa enseada
Destes caminhos da vida
E percorro uma estrada
Para mim desconhecida

E onde meus passos vão
Há sorrisos de crianças
Com pedaços de ilusão
Gargalhadas e lembranças
 
Mas se o meu olhar cair
No horizonte do nada
Vem um abraço a seguir
Com interrogação marcada
 
Procuro dentro de mim
Sem conseguir encontrar
Um canto, beco ou jardim
Onde eu possa descansar

Onde eu veja o Sol nascer
Sem mentiras com verdade
Onde eu consiga viver
Num grito de liberdade
 
Estou perdida no tempo
No meu mundo irregular
Sou pedra sou folha ao vento
Que se passado o tormento
Talvez me possa encontrar


 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

A VIDA


 
É um milagre a vida
Um segredo bem guardado
Que a chegada e a partida
Nunca nos é revelado
          
A vida é a compaixão
Amor ternura e carinho
Mas quem não tem coração
Vai deixá-los p'lo caminho
 
A vida é a nostalgia
Amargura e desamor
Que nos marca cada dia
Com ferros de mágoa e dor

A vida é uma prisão
Em grades de liberdade
Uma brisa um furacão
No amargo da saudade
 
São belas, doces lembranças
Abracinhos a sorrir
Gargalhadas de crianças
Que adoçam nosso sentir
 
A vida é um grito mudo
Um começo uma estrada
A vida pode ser tudo
E, num segundo não é nada


 

sábado, 30 de outubro de 2021

Um dia!


UM DIA!

  Um dia mãe, perto do céu
Do alto d'um acipreste
Eu vou colher desse véu
Os beijos, que não me deste 

Um dia, serei dilema
À deriva no teu ser
Ou serei só um poema
Que nunca conseguiste ler

Um dia, seguirei meus passos
Sem dor nem obrigação
E vou recolher abraços
Que sejam de coração
 
Um dia, eu vou ser morte
Tão mascarada de vida
Que a minha própria sorte
Não se dará por vencida
 
Serei rosa branca esquecida
Dilema sem solução
Neste areal que é a vida
Que nos escapa da mão
 
Mas se eu nunca conseguir
Ser eu mesma de verdade
Então eu irei subir
E como flor vou abrir
Na colina da saudade.
 
 

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Há um mar





   Há um mar de nostalgia
Na praia do meu sentir
Com ondas de agonia
Que não me deixam fugir

Há palavras magoadas
Gritos de reprovação
Com sonoras gargalhadas
De desdém de humilhação

Gentilezas e ternura
Só para aos outros mostrar
Uma dose de doçura
Que nunca teve p'ra dar

Máscaras de compreensão
Transpirando hipocrisia
Pintadas de compaixão
Em tela negra sombria

Atestados de estupidez
Passados a toda hora
Loucuras de quando em vez
Onde o bom senso não mora

Há um mar onde a saudade
Escava dentro de mim
Para enterrar a verdade
Um clima de falsidade
Numa mentira sem fim