Já não sou eu a criança
Que um dia andou à procura
De um fio de esperança
E de um pingo de ternura
Já não sou eu que tão nua
De afectos e de alegria
Com medo da luz da lua
Da sombra que me seguia
Já não sou eu a chorar
Triste na noite escondida
Com saudades de abraçar
A avó da minha vida
Já não sou a adolescente
Que o amor de mãe procura
Que um dia ficou diferente
De saudade e de amargura
Já não sou eu já é ela
A vida me encurralou
Que me pregou a janela
E a porta me fechou
Talvez seja eu agora
Que já não consigo ver
A luz que tem a aurora
E que me obriga a viver.