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Vagueio na escuridão
Na tortura do sentir
E perco a minha razão
Ao querer sonhos abrir
Dou asas ao pensamento
E corto-as à minha dor
Mato à fome o tormento
P'rá alimentar o amor
Adorno de luz e cor
Os meandros d'agonia
Salpico a alma e a dor
Com orvalho e luz do dia
Mas como está a sofrer
Não me quis mais escutar
Saíu à porta a correr
P'rá rua foi vadiar
Adormeceu ao relento
A minha alma pateta
Foi levada pelo vento
P'rá alma de um poeta
Recusa-se a acordar
Continua a dormir
E diz que só vai voltar
Quando o poeta cortar
As amarras do sentir.
Deixei à porta a saudade
À janela a minha dor
E voltei à mocidade
À procura do amor
Corri ruas, estradinhas
Onde outora vivi
Desfizeram-se as casinhas
A rua não conheci
Fui à procura dos sonhos
Que tinha na mocidade
Vi pesadelos medonhos
E só résteas de saudade
E a fonte que outrora
A minha sede matou
Nem a água já lá mora
Pois de cansada secou
Acordei com a lua bela
A afastar minha dor
Pôs a saudade à janela
Armada em cinderela
P'ra te beijar meu amor.
É noite na minha alma e o meu sentir desperto
vagueia na procura de uma qualquer claridade.
Dispo-me da amargura contida e banho-me na doçura
de uma brisa que teima beijar-me a tez.
Amanhece em mim.
O Sol brilha, deixando transparecer a luz
que entra, formando brechas na parede da escuridão.
Não dei conta dos passos leves no sentir
que a brisa em mim desvanece.
Volto a ficar despida e, no silêncio de uma saudade,
abraço as tuas palavras, que escorrem em mim
como sorrisos doces.
É noite. Embora a escuridão persista,
a minha alma clareia na luz da tua doçura.
Suave vendaval de emoções, onde me deito,
para adormecer em mim o teu e o meu sentir.