segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

A VIDA


 
É um milagre a vida
Um segredo bem guardado
Que a chegada e a partida
Nunca nos é revelado
          
A vida é a compaixão
Amor ternura e carinho
Mas quem não tem coração
Vai deixá-los p'lo caminho
 
A vida é a nostalgia
Amargura e desamor
Que nos marca cada dia
Com ferros de mágoa e dor

A vida é uma prisão
Em grades de liberdade
Uma brisa um furacão
No amargo da saudade
 
São belas, doces lembranças
Abracinhos a sorrir
Gargalhadas de crianças
Que adoçam nosso sentir
 
A vida é um grito mudo
Um começo uma estrada
A vida pode ser tudo
E, num segundo não é nada


 

sábado, 30 de outubro de 2021

Um dia!


UM DIA!

  Um dia mãe, perto do céu
Do alto d'um acipreste
Eu vou colher desse véu
Os beijos, que não me deste 

Um dia, serei dilema
À deriva no teu ser
Ou serei só um poema
Que nunca conseguiste ler

Um dia, seguirei meus passos
Sem dor nem obrigação
E vou recolher abraços
Que sejam de coração
 
Um dia, eu vou ser morte
Tão mascarada de vida
Que a minha própria sorte
Não se dará por vencida
 
Serei rosa branca esquecida
Dilema sem solução
Neste areal que é a vida
Que nos escapa da mão
 
Mas se eu nunca conseguir
Ser eu mesma de verdade
Então eu irei subir
E como flor vou abrir
Na colina da saudade.
 
 

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Há um mar





   Há um mar de nostalgia
Na praia do meu sentir
Com ondas de agonia
Que não me deixam fugir

Há palavras magoadas
Gritos de reprovação
Com sonoras gargalhadas
De desdém de humilhação

Gentilezas e ternura
Só para aos outros mostrar
Uma dose de doçura
Que nunca teve p'ra dar

Máscaras de compreensão
Transpirando hipocrisia
Pintadas de compaixão
Em tela negra sombria

Atestados de estupidez
Passados a toda hora
Loucuras de quando em vez
Onde o bom senso não mora

Há um mar onde a saudade
Escava dentro de mim
Para enterrar a verdade
Um clima de falsidade
Numa mentira sem fim




quinta-feira, 23 de maio de 2019

Corre



Corre o rio para o mar
E o sonho p'rá ilusão
Corre a vida sem parar
E sem nos dar atenção

Corre a dor e a nostalgia
Onde outrora foi ternura
Corre a saudade sombria
Em lágrimas de amargura

Corre o tempo que a voar
De nós está sempre a fugir
Em cicatrizes de um mar
Que nos esmaga o sentir

Corre o destino cruel
Sempre em contradição
Deixando na boca o fel
E amargo no coração

Corre até o pensamento
Bem mais depressa que a luz
P'ra nos dar cada tormento
Pregado a uma cruz

Corre o amor e a ternura
Em rios de ingratidão
E junto com a desventura
Corre também a loucura
Em vagas de solidão
 

 

terça-feira, 10 de abril de 2018

PORQUE É?


Porque é que sonhos fenecem
Na alma do sonhador
E as pessoas se esquecem
De viver, de dar amor

E porque há almas tão nuas
E a coisas tão agarradas
Parecem pedras das ruas
Tão velhas e desgastadas

Porque é, que há gente medonha
E que a seu belo prazer
Não vive nem sequer sonha
E, não deixa ninguém viver

Porque é que à noite a saudade
Veste a alma à nostalgia
E o dia é claridade
E escurece a alegria

Porque é que este meu sentir
Cada vez que vou escrever
Me rasga a alma a pedir
P'ra eu deixar de sofrer

Porque é que a pureza tem
Tanta luz e claridade
Que quando a maldade vem
Não cega os olhos de quem
 Não respeita a humanidade