segunda-feira, 28 de junho de 2010

S. PEDRO BLOGAGEM COLECTIVA DO BLOG ZAMBEZIANA



Ó meu santo popular
Sempre foste o terceiro
Vais ter mas é que jogar
Para ficares em primeiro

Á batóta ou á sardinha
Qualquer um podes jogar
Para ficares em primeiro
Nos próximos populares.

S.Pedro tenho uma ideia
Já que tu és o porteiro
Recebe aí por inteiro
A malta da assembleia

Mas peço-te que lhes dês
Um castigo e bem danado
De terem o móni por mês
Que aqui tem o reformado

Queria vê-los a gerir
Essa tão magra mesada
Calçar, comer e vestir
E ainda dar para a casa

Mas mesmo assim os danados
Ainda estão em vantagem
Não gastam nem na viagem
E ainda são "honrados"

Ó meu santo padroeiro
Eu p'ra mim quero pedir
Que não me deixes partir
Sem me avisares primeiro

Tenho coisas p'ra levar
E outras para fazer
Os tecidos p'ra bordar
E quadras para escrever

Pois quando aí der entrada
Eu não me quero encontrar
Com essa seita danada
Que só come e não faz nada
E ainda lhes estão a pagar.

S. Pedro és o porteiro
E tens as chaves na mão
Abre a este mundo inteiro
As portas do coração.


S. Pedro, discípulo de Jesus, também entregou a sua vida pelo Seu Mestre. Caminhou com Cristo, sendo um simples pescador foi escolhido par guiar a Igreja nascente. Vacilou e negou-O, mas reconhecendo a sua fragilidade professou novamente o seu amor: “Tu sabes tudo, Senhor, bem sabes que Te amo!”

Três Santos. Três homens iguais a tantos outros. Três pessoas de situações sociais e económicas diferentes, bem como de diferentes níveis culturais e académicos. Contudo, três homens unidos no mesmo Amor, marcados e apaixonados pelo mesmo Jesus. Podendo valerem-se das suas condições, viveram com simplicidade e humildemente. Três dos Santos mais venerados por toda a Igreja e mais respeitados em todas as culturas e mesmo pelas outras religiões. Três homens que são para nós exemplo e estímulo para vivermos a Santidade que recebemos no Baptismo. Talvez por isso eles sejam tão populares entre nós: porque sendo do povo, nos indicam Aquele que deu a Sua Vida pelo Povo. O Acólito tem nestes três homens a grande força e exemplo do seu serviço, dedicação e amor à Eucaristia.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

S. JOÃO- BLOGAGEM COLECTIVA DO BLOG- ZAMBEZIANA










Ó meu rico S. João
Ó meu santo padroeiro
Não me deixes acabar
O moni o ano inteiro

Ó S. João que és tripeiro
Bom rapaz, nestas andanças
Vê se me arranjas dinheiro
Para pagar ás finanças

P'ra pagar ao merceeiro
E até ao homem do talho
Á farmácia e ao padeiro
E dá-me também trabalho

Trabalho p'ra distribuir
A uns quantos, seita danada
Que estão sem fazer nada
No parlamento a dormir

Dá-me também uns tostões
Para a auto-estrada pagar
Que eles são tão comilões
Que só nos querem roubar

Arranja-me um jumento
Para eu me deslocar
Quero ir ao parlamento
P'rós ministros aviar

Aviá-los mas a preceito
Alisar-lhes os chacis
P'ra ver se pôem direito
O nosso pobre país.

Ó meu santo padroeiro
Para que queres um andor
Se te deram um carneiro
É porque tu és pastor.

Ó S. João do presente
O que te peço é profundo
Cura lá quem está doente
E dá paz a todo o mundo.

Festas Populares

S. João do Porto, eremita natural do Porto, ( séc. IX ), viveu a sua vida eremítica na região de Tuy, em frente a Valença, tendo sido sepultado em Tuy. No séc. XVII ainda aí se conservavam as sua relíquias, de grande veneração entre os fieis, que acreditavam que S. João os salvaria das febres. Diz a tradição , que a cabeça de S. João do Porto, foi trazida pela Rainha Mafalda no séc. XII, para a Igreja de São Salvador da Gandra e que parte dessa relíquia teria sido levada para a capela da " Santa Cabeça ", na Igreja de N ª Sra. Da Consolação, na Cidade do Porto. O facto da sua festa se ter celebrado a 24 de Junho talvez explique o facto de ter o seu culto sido absorvido pelo de S. João Baptista, cujo nascimento ocorreu no mesmo dia 24 de Junho e a que o povo dedicou através dos tempos forte devoção e grandes festas, mantendo-se ainda hoje muito viva a tradição das fogueiras de S. João de origem muito antiga, ao mesmo tempo que substituíam as festas pagãs do solstício.

Festas de forte caris popular, o S. João do Porto é uma festa que nasce espontaneamente, nada se encontra combinado, embora a festa se vá preparando discretamente durante o dia, é normalmente depois do jantar, constituído por sardinhas assadas, batatas cozidas e pimentos ou entrecosto e fêveras de porco na brasa, acompanhadas de óptimas saladas , jantar obviamente regado com vinho verde ou cerveja, mais modernamente. Findo o jantar, os grupos de amigos começam a encontrar-se, organizando rusgas de S. João, como são chamadas. As pessoas muniam-se de alhos pôrros e molhos de cidreira , actualmente as armas, são outras, mudaram para martelos de plástico, duros e ruidosos, mas que acabaram por ser bem aceites e hoje já fazem parte da tradição, Há alguns anos atrás, o S. João limitava-se a uma área da cidade que era constituída, pelas Fontaínhas ( Ponto nevrálgico ), R. Alexandre Herculano, Praça da Batalha, R. Santa Catarina, R. Formosa ou R. Fernandes Tomás, R. de Sá da Bandeira, R. Passos Manuel, Praça da Liberdade, Av. dos Aliados, R. dos Clérigos, Praça de Lisboa, e no retorno, subindo-se a R. de S. António, estava praticamente concluído o percurso obrigatório. A par deste percurso, que juntava para cima de meio milhão de pessoas, que tornavam as ruas pejadas de gente, e onde não há atropelos, as zaragatas são de imediato sustidas pelos populares, os beligerantes rapidamente selam a paz com mais um copo e uma pancada de alho pôrro de amizade. O S. João do Porto é uma festa onde ricos e pobres convivem uma noite de inteira fraternidade e onde a festa é constante. Nos bairros, a festa continua e as comissões organizadoras de cada uma mantém o baile animado até altas horas da madrugada. No tempo áureo do alho pôrro quem chegasse ao Porto vindo de fora, estranharia o odor espalhado pela cidade...efectivamente ela cheirava a alho.



Nos dias de hoje, o S. João espalhou-se pela cidade, além do seu palco tradicional, estendeu-se até a Ribeira, ás Praias da Foz , á Boavista e por ai fora. Vai as discotecas, aos pubs e bons restaurantes. Tornou-se mais cosmopolita e em alguns casos mais selectivo . Modernizou-se, sofisticou-se e de certa forma, acompanhou os tempos ,até penso que se tornou mais jovem.

Mas muita da tradição ainda se mantém: Em barracas ou espalhados pelo chão lá estão os manjericos ( Planta tradicional do S. João ) , as tendas das fogaças, as farturas, o algodão doce, as pipocas, as barracas da sardinha assada e dos comes e bebes. Os matraquilhos, os carroceis, as pistas dos carros. As tendas de venda das louças de barro, das cutelarias, o tiro ao alvo e as tômbolas. Durante toda a noite, centenas de balões são lançados e muito fogo de artificio particular é queimado, pela meia-noite o tradicional fogo de artificio da Câmara Municipal, faz sempre furor pela sua beleza. No fim e já alta madrugada é ver os foliões procurarem as padarias onde o pão acabado de fazer e ainda quentinho vai confortar as barrigas para um merecido descanso.



A História de um Feriado

( Texto original, publicado na Revista Ponto de Encontro de Julho de 2001 )


Os festejos de S. João na cidade do Porto são já seculares e a origem desta tradição cristã remonta mesmo a tempos milenares. Mas foi só no século XX que o 24 de Junho passou a ser feriado municipal na Invicta, proporcionando um merecido dia de folia a milhares de tripeiros. E tudo graças a um decreto republicano e a um referendo aos portuenses, promovido pelo Jornal de Notícias. A história é curiosa e mostra o protagonismo que, já na altura, a Comunicação Social tinha no modus vivendi urbano. Estávamos em Janeiro de 1911 e a República Portuguesa dava os primeiros passos. A monarquia tinha sido destronada apenas três meses antes, com a revolução de 5 de Outubro de 1910. O Governo Provisório da República assumia a governação do país e, desde logo, começava a introduzir mudanças na sociedade portuguesa que espelhavam, muito naturalmente, os ideais da nova ordem republicana. Numa tentativa de implementar a nova ordem junto da população, o Governo Provisório redefiniu os dias feriados em Portugal. Por decreto, a República instituiu como feriados nacionais o 31 de Janeiro (primeira tentativa - falhada - de revolução republicana, em 1891, no Porto), o 5 de Outubro (instauração da República) e o 1º de Dezembro (restauração da independência em 1640), para além do Natal e do Ano Novo. Mas o mesmo decreto impunha, a cada município do país, a escolha de um dia feriado próprio: "As câmaras ou commissões municipaes e entidades que exercem commissões de administração municipal, proporão um dia em cada anno para ser considerado feriado, dentro da area dos respectivos concelhos ou circumscripções, escolhendo-os d'entre os que representem factos tradicionaes e característicos do município ou circumscripção". E foi com este propósito que a Comissão Administrativa do Município do Porto reuniu a 19 de Janeiro de 1911. Segundo o relato do Jornal de Notícias, o "velho e conceituado republicano, sr. Henrique Pereira d'Oliveira" logo sugeriu a data de 24 de Junho para feriado municipal. O facto não causa espanto. Afinal de contas, o S. João era, já na altura, uma festa com longa tradição na cidade do Porto. A primeira alusão aos festejos populares data já do século XIV, pela mão do famoso cronista do reino, Fernão Lopes. Em 1851, os jornais relatavam a presença de cerca de 25 mil pessoas nos festejos sanjoaninos entre os Clérigos e a Rua de Santo António e, em 1910, um concurso hípico integrado nos festejos motivou a presença do infante D. Afonso, tio do rei (a revolução republicana apenas se daria em Outubro).

Referendo popular

Contudo, a sugestão de Henrique d'Oliveira de eleger o S. João como feriado municipal da Invicta foi contestada por outros membros da Comissão Administrativa do Município do Porto, que mostraram opiniões diversas. Foi então que "o sr. dr. Souza Junior lembrou, inspirado n'um alto princípio democrático, que não devia a Commissão deliberar nada sem que o povo do Porto, por qualquer forma, se pronunciasse em tal assumpto". Para solucionar o imbróglio, o Jornal de Notícias dispôs-se a organizar um surpreendente referendo popular para escolher o feriado municipal. Logo no dia 21 de Janeiro, somente dois dias após a reunião da Comissão Administrativa, foi colocado na primeira página do jornal o anúncio da "Consulta ao Povo do Porto", explicando toda a situação e a forma de participação. As pessoas teriam que enviar, até ao dia 2 de Fevereiro, "um bilhete postal ou meia folha de papel dentro de enveloppe" para a redacção do jornal, com a indicação do dia de sua preferência. E, para recompensar o trabalho dos leitores, o Jornal de Notícias oferecia "dez valiosos premios" - o mais valioso era de 10 mil réis, cerca de cem escudos - a serem sorteados de entre todos aqueles que votassem no dia eleito. Nos dias seguintes, o Jornal de Notícias fez o relato diário da emocionante votação. A vitória foi quase só discutida entre o dia de S. João, já com larga tradição na cidade, e o 1º de Maio, Dia do Trabalhador, a que não será alheio o facto de a cidade do Porto ser considerada "a capital do trabalho". No dia 22 de Janeiro já se davam conta dos primeiros resultados: "a votação de hontem, que foi grande, dá maioria ao 1 de Maio, seguido pelo 24 de Junho (S. João) e N. S. Conceição [8 de Dezembro]". No dia 24 - o Jornal de Notícias não foi publicado no dia 23, segunda-feira, porque o matutino encerrava ao domingo! -, deu-se uma reviravolta nos resultados: o 24 de Junho trocava de lugar com o 1º de Maio, ficando na posição de mais votado. Porém, a 25, num dia em que "a votação cresceu imenso", o 1º de Maio quase passava novamente para a liderança da votação. Mas foi no dia 26 de Janeiro que o resultado da votação começou a ficar definido, ao que muito se deve a forte participação popular do dia anterior, como relata o Jornal de Notícias desse dia: "Só hontem vieram tantos votos como em todos os dias anteriores. O dia de S. João tem enorme maioria. O dia 1 de Maio já está muito em baixo". E, a 27, o próprio jornal já dava como certo o vencedor: "Positivamente o dia mais votado é o de S. João. O dia 1 de Maio fica muito para trás. Augmenta bastante o de N. S. Conceição". Durante os dias seguintes foram publicados os resultados provisórios diários, sem que tivesse havido alterações de maior no sentido de voto dos portuenses. Até que, a 4 de Fevereiro de 1911, foram publicados os totais finais da consulta popular: o dia 24 de Junho foi o mais votado, com 6565 votos, seguido pelo 1º de Maio, com 3075 votos, o dia de Nossa Senhora da Conceição, com 1975 votos, e o dia 9 de Julho, com oito. "Ficou, pois, vencedor o dia de S. João que é aquele que o povo do Porto escolhe para ser o de feriado municipal". Só não se sabe se o vencedor do sorteio chegou a receber os seus 100 escudos, pois registada só ficou a promessa de que "o sorteio dos 10 prémios a que esta consulta dá lugar far-se-á em um dos próximos dias"...

Texto originalmente publicado na revista "Porto de Encontro", Julho de 2001.

Deixo aqui um convite para quem nunca visitou o Porto nesta altura. Venha, apareça, seja bem vindo, dia 23 pela tarde pois a festa começa na véspera . O S. João é uma festa sem igual e garanto-lhe uma noite bem divertida e diferente. VIVA O S. JOÃO.

terça-feira, 15 de junho de 2010

SAUDADE




Agarrei no meu pincel
Para a saudade pintar
Fui pintá-la cor de mel
Pois queria-a adocicar

Mas essa cor não gostei
Pintei-a de azul marinho
E a seguir de verdinho
Novamente a cor errei

Uma a uma fui tentar
Lilás, vermelho, amarelo
Até de branco singelo
Do verde do teu olhar

Mas sentir saudade é dor
Que vem marcar-nos na vida
Saudades de uma partida
Pedaços, lembranças d'amor

De a colorir desisti
Sem cor ela então ficou
A tinta não agarrou
Depois do que descobri

Descobri, que é transparente
Querer pintá-la é loucura
Saudade é um presente
De quem partiu, está ausente
Não precisa de pintura.

É para ti querido irmão
As palavras que pintei
Sabes que meu coração
Mudou de cor desde então
A cor dele, nem eu sei.

sábado, 12 de junho de 2010

SANTO ANTÓNIO- BLOGAGEM COLECTIVA







Santo António de Lisboa
Ó meu santo padroeiro
Dá-nos saúde da boa
E também algum dinheiro

Dá-nos também paciência
P'rós politicos aturar
Descontração e clemência
Prós ouvir cacarejar

Arranja também uns fatitos
Para toda a assembleia
Porque eles coitaditos
Não ganham nem para as meias

Santo António dou-te pontos
Se tu conseguires acabar
Com os fatos de 500 contos
Que estamos a pagar.

Santo António quem te deu
Essas flores, as açucenas
Sabia decerto das penas
Que teu coração acolheu

Te ofereceu um menino
E és dos santos primeiro
E deu-te como destino
O santo casamenteiro.

Ó meu santo Antonino
Pergunto-te com embaraço
De quem é esse menino
Que tu carregas no braço

Mas também quero saber
Porque é, qual a razão
Que no S. Pedro e S. João
Tu não queres aparecer

Anda vem, traz o menino
Para a fogeira saltares
Que este mês, o junino
É dos santos populares

Um último pedido a fazer
Eu te imploro docemente
Mata a fome a toda a gente
Que nada tem p'ra comer.

Postagem colectiva do blog zambeziana da amiga Graça.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

RENASCER

Despiste-me a nostalgia
E vestiste-me a ternura
Fizeste romper o dia
Onde havia noite escura

Pintaste a minha amargura
N'um degradê de emoção
Esculpiste o meu coração
Qual estátua de marfim

Renovaste então em mim
Meus anseios, meus desejos
Cobriste-me até de beijos
E me fizeste sonhar

Me disseste que p'ramar
Pode vir ao amanhecer
Ou então n'um entardecer
Pois não tem data nem hora

E nos meus sonhos d'outrora
Que eu não te ouso dizer
Mesmo que tenha demora
Eu vou esperar a aurora
Para em ti amor renascer.