sábado, 30 de abril de 2011

EMBRIAGUEZ




Meu sentir embriaguei
De dor e de amargura
Mas sóbria depois fiquei
Ao beber a tua ternura

Embriaguei a verdade
Com o teu olhar ardente
E assim fiquei de repente
Esquecida da minha saudade

Bebi teus beijos, fiquei
A caír com a ternura
Minha alma embriaguei
De sonhos feitos loucura

Me embriaguei ao sorver
O vinho do teu ardor
Não mais parei de beber

E nesta minha embriaguez
Me embriago de ti amor
Mais uma e outra vez.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

MORRI





Morri ao sabor do vento
Que me batia no rosto
Andei no cais do lamento
Na vereda do desgosto

Morri na escuridão
Que se fez no meu sentir
Pedaços de um coração
Que à muito deixou de rir

Morri p'ra mim tanto tempo
Que de mim fiquei esquecida
E nem arranjei um momento
P'ra me colocar na vida

E no meu olhar vazio
A morte também fechou
A água deste meu rio
Que de tristeza secou

E até na estrada deserta
Na aridez fui morrer
Mas na alma de um poeta
Eu renasci, quis viver

Viver, sem tédio, sem dor
Sem angústia, só saudade
E digo-te com fervor
Se não fosse o teu amor
Eu morria de verdade.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

APAGO OS MEUS TRAÇOS


fotografia: Svetlana Nubarova



Apago meus traços, perdidos num adeus
Percorro os meus sonhos, cansada, perdida
Desfaço o silêncio, destes olhos meus
E rasgo as mágoas e agruras da vida

Preencho a ausência e bebo um poema
Feito do meu corpo, vazio, sedento
Carrego a saudade como um dilema
Deixo meus desejos nas asas do vento

Assino a viagem que vou percorrer
Na folha da vida, que me está a fugir
Enterro a angustia, p'ra ninguém saber
Que um dia com ela eu irei partir

Desfaço meus laços e digo-te adeus
Nesta encruzilhada de mágoa e de dor
És a minha luz e a dos olhos meus
Doçura, carinho, ternura e amor

Apago os meus traços, na tela com beijos
Percorro o teu corpo, p'ra sentir o sabor
Das nossas loucuras, dos nosssos desejos
Da minha ansiedade, de ti meu amor.


domingo, 3 de abril de 2011

QUE MAR É ESTE?



Que mar é este, que mar
Que me ondula a razão
Faz o meu corpo vibrar
E palpitar o coração

Que mar é este, docinho
Que me deixa a navegar
Nas ondas do teu corpinho
E no sal do teu olhar

Que me chega a entristecer
Em dias que te não vejo
Que me deixa toda a arder
De loucura e de desejo

Que na alma me escreve
Com a pena da ternura
Em mim semeia ao de leve
Sementes de diabrura

Que me faz sentir sereia
Mesmo sem água nem espuma
Que nem conhece a bruma
Nem beija a lua cheia

Que mar é este, que agora
Não mais me deixa dormir
Me faz navegar borda fora
Até ao romper d'aurora
Nas ondas do teu sentir.