
Fantasiei a saudade
Mascarei-a de doçura
Depois vesti a maldade
Com lacinhos de ternura
Mascarei a solidão
E dei-lhe por companhia
Um belo de um coração
Que um poeta não queria
Á morte vesti-a de vida
Dei-lhe dias p'ra contar
E até dei à despedida
Uma chegada ao luar
Vesti então a ousadia
De sonhos que não são meus
Maquilhei a luz do dia
Com a luz dos olhos teus
Desfiz na água do mar
O mel, da tua doçura
Tomei banhos p'ra ficar
A transbordar de ternura
Quis mascarar-me por fim
E vi que na realidade
Estou mascarada de mim
Fantasia da verdade.